Monday, March 05, 2007

Olha a confusão aê, olha a confusão aê...


Hoje eu vou escrever sobre uma pessoa que sempre me fez dar risada, que é o meu tio Domingos. Na realidade ele é tio da minha mãe, portanto meu tio-avô. Nos primórdios desse blog eu disse que iria falar sobre as pessoas que fazem parte da minha vida. Porque comecei justamente com o tio Domingos, que está do outro lado de Atlântico e com quem agora tenho raro contato? Bom, nenhuma razão especial. Tinha que começar por alguém e dessa vez foi com o tio Domingos...

Mas o que meu tio Domingos tem a ve com a cena lúdica entre dois testudines que ilustra o começo do texto? Well, é porque essa é uma lembrança de infância, e o título do texto ilustra esse encontro amoroso.

Imaginem a cena: aniversário de algum primo(a) de segundo grau, a família toda na casa do tio Domingos, a criançada correndo pra lá e pra cá. Tia Maria (esposa do tio) se desdobrando em mil para receber os convidados, servir os comes e bebes e ficar de olho na molecada (ainda correndo de lá para cá, de cá para lá...). Tio Domingos no quintal, tomando conta do churrasco feito naquelas churrasqueiras de 1/2 tambor de óleo, já mamadinho de "Brahma" (está entre aspas porque vou contar depois) e já destilando alegria e bom humor (quando sóbrio ele é mais reservado). A molecada entra correndo (eu entre eles) no quintal, aquela gritaria, todo mundo em polvorosa quando, de súbito, silêncio entre a petizada: um de nós percebeu que os jabutis do tio estão se divertindo. O tio olha para a molecada, olha para os jabutis, olha para os adultos, com o copo de cerveja na mão e uma das sobrancelhas levantadas, um dos olhos semicerrados, e só diz: "Olha a confusão aê, olha a confusão aê..."

Para você leitor que não testemunhou a cena, pode parecer estranho que essa lembrança me cause frouxos de riso, mas quem viu sabe do que falo...

Outra coisa que me encantava é que na casa do tio Domingos tinha umas lembanças de Poços de Caldas, se não me falha a memória de criança de 8 anos de idade e que eu achava o máximo: um daqueles mafagafos espetados em um arame, que você puxava até a extremidade superior do mesmo e ele ao descer ia tremendo...

Para quem não sabe o que é um mafagafo, aqui apresento uma foto:

O Mafagafo, após um banho de ducha

Outra boa lembrança dessas festas na casa do tio Domingos é que a tia Maria preparava uns belisquetes que não se encontra mais hoje em dia. Toma-se um palito de dentes (tem que ser da marca "Gina", senão não é a mesma coisa), espeta-se uma rodelinha de salsicha cozida, um picles, mais uma rodelinha de salsicha e outro picles. Voilà. Um quitute memorável, que infelizmente saiu de moda...

Agora a Brahma. Tio Domingos gostava só de Brahma. Kaiser, Skoll, Antarctica, para ele, eram cervejas de qualidade inferior. Mas ocorre que depois da segunda, ele já não era capaz de diferenciar mijo de cerveja. Era brinquedo entre os homens da família trocar os rótulos da cerveja quando tio Domingos já estava "alto", e depois inquirir sobre a identidade da mesma:

" - Ô tio Domingos, tá boa essa Antárctica?"
" - Que Antárctica? É Brahma, pô!"
" - Que nada tio, a gente trocou os rótulos..."
" - Imagina! Eu conheço! Eu conheço!!"

Bons tempos esses, que infelizmente vão. Mas pelo menos ficam na memória como aquelas boas lembranças familiares, que ajudam a gente a viver nos momentos de adversidade.

E as risadas que sempre dou ao ver um jabuti.

"- Olha a confusão aê, olha a confusão aê..."

Plei

2 Comments:

Blogger Renata Leal Pilates said...

Que legal conhecer seu blog, e só uma coisinha, ganhei beijo selinho do lucas tá
Bjs
R^^e

6:56 PM

 
Blogger Unknown said...

Muito bom o saudosismo.
Beijão ao som de "Time"
.

3:31 AM

 

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