Cajuína
Cajuína
Caetano Veloso
Existirmos: a que será que se destina?
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina
Tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina
Acho que não é mais segredo para ninguém que meu artista preferido é, sempre foi e provavelmente sempre será o Caetano. E quando digo artista preferido, eu estou considerando a obra, e não a pessoa. Eu, como admirador do artista, sei que ele muitas vezes não é coerente nas idéias ou posições expressas ou ditas, mas isso em nada ofusca a arte que ele produz e, lembremos, ele é apenas humano, como eu e você.
Portanto, anti-caetanistas, anti-MPBzistas e anti-brasileiros de plantão: larguem as suas pedras, não haverá necessidade de joga-las (nem em mim, nem no gênio baiano). Pelo menos não hoje.
Todos os que me conhecem já devem ter percebido minha "Caetania" em algum momento da nossa convivência. O que poucos sabem, no entanto, é que "Cajuína", cuja letra está no início desse texto, é a minha música preferida desse compositor. Obviamente, a letra, a melodia e os significados (implícitos e explícitos) desta música são belíssimos. É uma verdadeira obra-prima em língua portuguesa, em meros 8 versos, 56 palavras e 299 letras. Coisa até corriqueira para a genealidade desse baiano do recôncavo.
Mas tem algo sobre a letra que poucos sabem, e que quero deixar aqui registrado.
Reza a lenda que Caetano fez essa música depois de uma experiência pessoal-espiritual em uma das suas turnês. Conta-se que ele iria tocar em um clube em Teresina, capital do Piauí. Havia um rapaz do interior do estado que juntou um dinheirinho para comprar o ingresso e a passagem de ônibus para assistir ao Caetano na capital. Parece que esse rapaz era bem humilde e pobrezinho, mas fez questão de levar presentes para o artista, que tinha esperanças de encontrar depois do show. Os presentes que o moço estava levando eram uma garrafa de cajuína e uma rosa.
Ocorre que houve um acidente com o ônibus que ia para Teresina e o rapaz faleceu.
Alguns meses depois, o pai do rapaz teria enviado a Caetano uma carta falando do sinistro ocorrido com o filho junto com uma foto recortada de um jornal de Teresina. Na foto, tirada do público durante o show, aparecia o filho que havia morrido, portando a garrafa de cajuína e a rosa - os presentes que ele queria dar para Caetano.
Caetano então ficou tão impressionado e emocionado, que compôs essa música em homenagem ao moço. Quem agora sabe da estória pode ver seu significado na letra da música.
Mas reparem que eu usei termos como "reza a lenda", "conta-se", "parece", "teria". Isso foi proposital, pois no momento não tenho como verificar a autenticidade desta estória. Eu me lembro de ter lido em algum lugar, não lembro se em uma revista ou se em algum site da internet. [Anti-cético mode on] Sorry, incrédulos de plantão, mas nem a revista e nem o site eram espíritas ou tinham qualquer coisa a ver com espiritismo[Anti-cético mode off]. Vou tentar checar essa informação com a acessoria de imprensa do Caetano, mas não acho que esse é o tipo de e-mail que eles estariam dispostos a responder, nem acredito que uma mensagem minha com essa pergunta chegaria ao próprio Caetano.
Portanto, por hora, concedo-me o benefício da dúvida.
E o extendo a você, leitor.
Em tempo: a figura que ilustra o texto é a capa do disco "Cinema Transcedental", de 1979, quando "Cajuína" foi gravada pela primeira vez.
Namastê.
Plei
6 Comments:
Putz, legal o teu blog!
Legal falar do caetano... eu lembro de Lua e Estrela!
9:35 AM
Cara, as vezes as lendas são tão bonitas (como esta e(his)stória) que nem interessa se elas são verdades.
7:23 PM
Achei que a letra tinha a ver com o compositor piauiense Torquato Neto, amigo dele, e que cometeu suicídio em 1972. Tambem não tenho confirmação.
4:43 PM
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5:44 PM
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5:44 PM
Agora tenho uma confirmação. Vejam a história real.clique.
5:47 PM
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